Gorilas, elefantes e outros animais foram fotografados durante mais de
dois anos em um estudo pioneiro publicado nesta segunda-feira que
conseguiu produzir com 420 câmaras ocultas em diferentes habitats do
mundo 52 mil fotos que revelam a "vida secreta" dos mamíferos.
As
imagens captam os momentos mais íntimos e espontâneos dos animais, desde
um pequenino rato até um elefante africano, gorilas, pumas, tamanduás e
inclusive caçadores armados.
A análise dos dados fotográficos
ajudou os cientistas a confirmarem que a destruição do habitat tem um
impacto directo e negativo sobre a diversidade e a sobrevivência dos
mamíferos.
O estudo, dirigido pelo cientista colombiano Jorge
Ahumada, ecologista da Tropical Ecology, Assessment and Monitoring
(Team, na sigla em inglês) Network, do grupo Conservation International,
foi publicado nesta segunda-feira na revista especializada
"Philosophical Transactions", da Royal Society.
Para realizar a
pesquisa, foram colocadas 420 câmaras em áreas protegidas do Brasil,
Costa Rica, Indonésia, Laos, Suriname, Tanzânia e Uganda, sendo 60 em
cada local estudado, que permitiram documentar 105 espécies.
Após analisar as fotos feitas entre 2008 e 2010, os cientistas
classificaram os animais por espécie, tamanho corporal e dieta, entre
outras características.
Em seguida, determinaram que as áreas
protegidas de maior extensão e as regiões de selva têm uma maior
diversidade de espécies, tamanhos mais variados e animais que mantêm
dietas mais diversas (insetívoros, herbívoros, carnívoros e onívoros).
"Os resultados do estudo são importantes, já que confirmam o que já
suspeitávamos: a destruição dos habitats está matando - de forma lenta,
mas sem dúvida - a diversidade de mamíferos de nosso planeta", afirmou
Ahumada em comunicado divulgado pela organização.
O
Conservation International ressaltou que 25% do total das espécies de
mamíferos está em perigo e, por isso, a pesquisa contribui de forma
bastante significativa para o conhecimento científico a respeito de como
as ameaças locais como a caça excessiva, a conversão de terras para a
agricultura e a mudança climática afectam os mamíferos.
"O que
faz com que este estudo seja cientificamente pioneiro é que criamos pela
primeira vez informação coerente e comparável dos mamíferos em escala
global e estabelecemos assim uma linha de referência eficaz para avaliar
a mudança", explicou o comunicado.
O uso contínuo desta
metodologia permitirá comparar as transformações na natureza e tomar
medidas específicas para salvar os mamíferos.
Desde 2010,
foram instaladas câmaras em novos lugares, o que ampliou a rede de
acompanhamento a 17 pontos do Brasil, Panamá, Equador, Peru, Madagascar,
Congo, Camarões, Malásia e Índia.
"Esperamos que estes dados
contribuam para uma melhor gestão das áreas protegidas e a conservação
dos mamíferos no mundo todo", acrescentou Ahumada.
Fonte: Terra
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